domingo, 30 de novembro de 2014

Uma história de superação - Educação na Finlândia

Uma pergunta que tenho feito é qual caminho a Finlândia percorreu para chegar onde está na educação. Não é fácil obter uma resposta, pois nem os finlandeses entendem direito esse processo.

Então, o que vou fazer aqui é um resumo do capítulo 1 do livro de Pasi Sahlberg, Finnish Lessons.

A Finlândia saiu arrasada da II Guerra Mundial. Assinou um acordo de paz com a União Soviética em setembro de 1944, tendo que lutar para remover tropas alemãs de seu território até abril de 1945. Perdeu 12% de sua área para os soviéticos e teve que realocar 11% de sua população.
Em 1950, somente aqueles que moravam em cidades maiores tinham acesso às grammar schools (escolas com 5 anos de ensino fundamental II e 3 de médio). Nesse ano, só 27% das crianças de 11 anos estavam matriculadas no fundamental II. Havia 338 grammar schools e 2/3 eram privadas.
Salhberg cita três comitês das décadas de 1940 e 1950 que levantaram a discussão sobre o sistema de ensino no país.
O primeiro, comitê curricular da escola primária, foi estabelecido em junho de 1945. Foram estabelecidos novos objetivos para a educação, afastando-se do modelo alemão. A reforma do currículo foi baseada em estudos experimentais envolvendo 300 escolas e 1000 professores. Segundo Sahlberg, o trabalho final da comissão, publicado em 1952, era de excepcional qualidade, formulando objetivos educacionais de modo sistemático e com uma perspectiva centrada nas crianças.
O segundo comitê, estabelecido em 1946, era o do sistema educacional. A proposta era que o sistema finlandês tivesse 8 anos de educação básica compulsória e igual para todas as crianças. Entretanto, a proposta do comitê era de que só aqueles que tivessem aprendido línguas estrangeiras poderiam prosseguir os estudos no ensino médio. Isso criou um debate na sociedade sobre justiça social e criação de oportunidades educacionais iguais.
O último comitê citado por Sahlberg, de 1956, foi o de programa escolar, para unificar o sistema educacional. O comitê fez um trabalho de análise das políticas internacionais de educação e, alinhado à prioridade da época nos Estados Unidos e Inglaterra, melhorar a igualdade de oportunidades educacionais tornou-se um tema central. As recomendações publicadas em 1959 propunham um sistema de 9 anos de educação básica, em que os 4 primeiros anos eram iguais para todos, progredindo para uma diferenciação em orientação prática ou acadêmica (com línguas estrangeiras) a partir do 5º ano.
Essa proposta iniciou um debate profundo sobre o valor da educação na sociedade finlandesa. A questão principal era: é possível que todas as crianças aprendam? Os professores primários acreditavam que sim; as universidades, em geral, duvidavam e os políticos estavam divididos. Por fim, com um debate acirrado, que incluía algumas previsões sombrias de que educação igual para todos faria o nivelamento por baixo, que o nível geral da educação iria diminuir, de que o país jogaria fora seus talentos e perderia a corrida na economia internacional, uma proposta modificada foi aprovada em novembro de 1963. Ali estava criado o novo modelo educacional finlandês. Nesse modelo, chamado peruskoulu, todas as crianças teriam direito à mesma educação básica durante 9 anos. Esse novo sistema seria iniciado em 1972 no norte do país e estaria completo em 1978, nas áreas urbanas do sul.
Sahlberg reforça (e eu aqui também o sigo) que não foi fácil alterar a crença corrente na época de que nem todos eram capazes de aprender. Um tal de relatório Coleman do governo americano ecoava em alguns setores da sociedade, com a opinião de que a personalidade e disposição dos jovens era sedimentada no ambiente familiar e que a escola não tinha muito como alterar isso. Contra isso, alguns pesquisadores argumentavam que a habilidade e inteligência individuais cresciam de acordo com o nível requerido pela sociedade, e que os sistemas educacionais simplesmente refletiam esses limites ou necessidades. Sahlberg ainda cita que a Associação dos Professores Primários teve um papel de destaque ao apoiar a alteração no sistema e acreditar no potencial das crianças.
Esse novo modelo, peruskoulu, forçou o desenvolvimento de três aspectos. Primeiro, ao integrar estudantes com diferentes históricos, obrigou a alterações nas estratégias de ensino. As dificuldades de aprendizado deveriam ser identificadas logo e os alunos auxiliados de forma adequada. Segundo, fez com que o aconselhamento de carreira se tornasse prática nas escolas básicas. Terceiro, a reforma não era apenas organizacional, mas de filosofia de educação: (a) todos podem aprender se tiverem adequadas oportunidades e suporte; (b) compreender e aprender através da diversidade é uma meta importante; (c) escolas devem funcionar como democracias em pequena escala, na linha de pensamento de John Dewey. Ou seja, estavam se sedimentando as ideias de igualdade, diversidade e participação. Em 1979, com a percepção de que métodos alternativos de ensino eram necessários, uma nova lei de formação de professores foi aprovada, com foco em desenvolvimento profissional e capacitação baseada em pesquisa (todo professor tem que ter mestrado).

O que é mais interessante é que as ideias educacionais implementadas na Finlândia foram importadas principalmente dos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido. E mais interessante ainda é que especialmente nos Estados Unidos e Reino Unido os resultados das pesquisas sobre conhecimento e aprendizado ficariam somente nos meios acadêmicos.

Todos podem aprender. É o que está cristalizado e solidificado como premissa básica no sistema finlandês. O que não implica que todos aprendem de forma igual, e daí saem todas as estratégias de personalização dos percursos formativos que aqui são aplicadas.

domingo, 23 de novembro de 2014

Workshops na ARM em Cambridge

Tive a oportunidade de participar de dois workshops na sede da ARM em Cambridge, no Reino Unido, em 17/11.
Os workshops trataram dos temas processamento digital de sinais e sistemas operacionais embarcados, ambos usando a placa STM32F4 Discovery.
Foi uma oportunidade interessante de conhecer o programa universitário da ARM através do seu gerente, Robert Ianello.



Non scholae

Quando visitamos a Escola Técnica Tavastia, no setor de pintura vi uns dizeres em uma parede que me chamaram a atenção. Naquele momento, não sabia exatamente o que significava, mas fazendo uma pesquisa, descobri.

Escrito em latim, significa: "aprendemos não para a escola, mas para a vida". É uma adaptação de uma passagem de uma carta de Sêneca para Lucílio.

Mais informações em http://audiolatinproverbs.blogspot.fi/2007/08/non-scholae-sed-vitae-discimus.html

O valor da educação - Interviewing Emmanuel

Emmanuel is an engineer, originally from Zambia, and he's been living in Finland for the last 15 years. He is studying and working hard here and I think he shows us a good example of the value of education.
Currently, he is finishing a professional teacher training programme at HAMK, while studying simultaneously in a Master's degree programme. He has expertise in the fields of bioenergy and thermodynamics.
He also told me how important is for an engineer to know about business, and for this reason he has got degrees in business administration.
I wish Emmanuel all the best!


Sistema educacional brasileiro

Fiz um diagrama, baseado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Lei 9.394/1996, para situar os diferentes níveis de ensino existentes no Brasil.
Realizando a pesquisa, para mim foi novidade o ensino obrigatório a partir dos 4 anos de idade (estabelecido pela Lei 12.796, de 2013). Em que condições de qualidade será feita essa oferta?


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Ensino na Inglaterra

Em minha curta viagem à Cambridge, fiquei na casa de um professor da educação básica e tive oportunidade de conversar com ele sobre ensino. Primeira constatação: na Inglaterra, há escolas separadas para alunos "problemáticos". Dave dá aulas de inglês, geografia e matemática para 22 alunos em uma dessas escolas. Um dos primeiros comentários dele foi sobre as inspeções periódicas. Ele até não vê problema na inspeção em si, mas sim no processo, que não é construtivo. O inspetor vê um instantâneo da aula, aponta defeitos, mas não se preocupa com o que realmente interessa que é o aprendizado dos alunos.
Não me pareceu cristalizada a premissa que todos podem aprender. Parece que fica naquele "eles têm tantos problemas familiares, é difícil que aprendam".

Passeando pelas ruas, é claro que a cidade respira educação, tem história, mas o que ficou para mim é que é um retrato da sociedade britânica: no entry; CCTV; only fellows.

sábado, 15 de novembro de 2014

Proakatemia

Em 14/11, visitamos a Proakatemia, parte da Universidade de Ciências Aplicadas de Tampere (Tampereen Ammattikorkeakoulu). Proakatemia é um ambiente parecido com incubadora e empresa-júnior, mas acho que não há nada igual no Brasil. É um espaço e forma de ensino diferente, com foco em empreendedorismo.

Como funciona?

Estudantes de administração e sistemas de informação cursam um ano regular na universidade. Depois disso, participam de um processo de seleção com entrevistas. A partir da aprovação na Proakatemia, cursam dois anos e meio dentro desse ambiente.

E o que os estudantes fazem nesse período?

Eles constituem times de aproximadamente 12 alunos e criam empresas reais, com todas as licenças e contratos necessários pelas leis do país. A partir daí, partem para o desenvolvimento de projetos, como uma empresa convencional.
Alguns exemplos de projetos já desenvolvidos: operação de uma cafeteria em um evento, operação de uma sorveteria no verão, venda de ingressos, venda de cartões-presentes, criação de campanhas para eventos.
Falhar faz parte desse processo. Comentaram que um dos times teve prejuízo em um projeto  e os sócios-estudantes estão arcando com os gastos. É claro que, por conta disso, há um compromisso entre risco e grau de investimento necessário.
Atualmente, há 7 empresas com aproximadamente 90 estudantes, o que corresponde a mais ou menos 25% dos alunos do curso (os outros alunos que não se interessam por esta metodologia ou não conseguem vaga seguem o curso regular). Em 2015, vão se mudar para outro espaço, maior.
Os alunos devem cumprir 1100 horas de projeto, com 30 créditos de treinamento prático na empresa própria mais 10 créditos de estudos. Ao final do programa, ainda escrevem um TCC, participam de uma atividade em que tem que resolver problemas em 24 horas, e fazem uma viagem internacional, para desenvolver algum projeto.



Qual o suporte dos professores?

Atualmente, há 6 coaches (professores) em tempo integral e um em tempo parcial.
Não há aulas nem provas durante esses dois anos e meio. Há reuniões diárias com os coaches e material para leitura e pesquisa. Por exemplo, cada aluno tem que obter 5 pontos por mês pela leitura de livros de uma lista extensa. Cada livro vale de 1 a 3 pontos, dependendo da complexidade. Depois da leitura, o aluno deve produzir uma resenha e também apresentar os pontos importantes em alguma das reuniões com o grupo. O que ele lê está dentro das necessidades do projeto que está desenvolvendo: se ele é resposável pelo marketing de um projeto, vai estudar sobre esse tema. Dentro das empresas, há revezamento das funções, de modo que o aluno adquira experiência nos diversos setores (finanças, marketing, etc).

História

Em Tampere, foi fundada em 1999. A primeira academia desse tipo foi criada em Jyväskylä, há 22 anos.
98% dos formados conseguem emprego ou abrem empresa.

E a concorrência com outras empresas?

Nesses 15 anos de atividade, tiveram uma reclamação formal, afirmando que praticavam concorrência desleal pois os estudantes recebiam renda menor. Mas a professora comentou que de modo geral, outras empresas enxergam essa concorrência como positiva. Segundo ela, um empresário consciente pensa que se um cliente prefere a empresa dos estudantes, então é porque sua empresa está com problemas e tem que melhorar.
Reforço, aqui, que os estudantes não tem qualquer tipo de vantagem em relação a impostos; o que constituem é uma empresa absolutamente convencional.

Espaço

As empresas dos alunos dividem um espaço compartilhado, pagando aluguel para a universidade. Só achei um pouco ruidoso, pois, como não há paredes, qualquer conversa ecoa no ambiente inteiro.



Meus comentários para os alunos

Para um dos alunos que trabalha com produção e edição de vídeos e que pediu algumas ideias e críticas sobre o programa, enviei a seguinte mensagem:

Here is Fernando, from Brazil. We met at Proakatemia on November, 14, and I told you I'd send some links about educational videos.
Last year, I completed a Physics course at Coursera. It was very well designed, and you can find one of the videos here:
https://www.youtube.com/watch?v=LR9av62cDz4
Coursera is a platform for MOOCs (massive online open courses), and if you want to explore a little bit about educational videos, it's an interesting place to check: https://www.coursera.org/

During the meeting, you asked for criticisms about your degree programme. Besides some noise in your working environment as I pointed out, maybe you miss some experience with products. If I understood correctly, for different reasons, you focus on services. Well, I understand that a balance between risk and investment is crucial for you students, but there are some options to fund ideas regarding products. Kickstarter and Indiegogo are interesting crowdfunding platforms. Check some projects funded there:
https://www.kickstarter.com/projects/1171695627/polar-pen-both-tool-and-toy-pen-stylus-made-from-m
https://www.kickstarter.com/projects/angeliatrinidad/passion-planner-the-one-place-for-all-your-thought
https://www.indiegogo.com/projects/jolla-tablet-world-s-first-crowdsourced-tablet
https://www.indiegogo.com/projects/bluesmart-world-s-first-smart-connected-carry-on
https://www.indiegogo.com/projects/incharge-the-smallest-keyring-cable

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Visita à escola de ensino fundamental Luolaja

No dia 13/11, visitamos, Alexandre, Carlos e eu, a escola de ensino fundamental Luolaja (Luolajan koulu), em Hämeenlinna. Meu interesse principal, após ter visitado Seminaarin koulu, era verificar o funcionamento de uma escola pequena. Enquanto Seminaarin koulu tem em torno de 700 alunos, e é considerada uma escola grande, Luolaja atende 127 crianças. (Observação: por questões de privacidade, não são mostrados os rostos das crianças nas fotos.)
São 6 turmas, do 1º ao 6º ano, distribuídas em duas edificações. Uma, de madeira, dos anos de 1920 e outra, de alvenaria, de 1952.


Tivemos total liberdade para conhecer a rotina de aulas e interagir com os alunos. Agradeço ao diretor e aos professores pela atenção e à HAMK PTEU por ter viabilizado esse encontro.

Pré-escola

Além da escola fundamental, também há uma turma de pré-escola. São 19 alunos, atendidos das 8h30 às 12h30. Após esse horário, eles podem ficar até às 16 ou 17 h na escola, mas sem "aulas". O objetivo da pré-escola é promover o desenvolvimento da criança, introduzindo letras, números, trabalhos manuais, desenhos e palavras básicas em inglês.
O grupo é normalmente dividido em dois e se alternam em dois ambientes. Um dos grupos faz atividades na kota e na floresta, enquanto o outro fica em uma sala de aula em um dos prédios. Conhecemos os dois locais.


Um dos grupos da pré-escola
Segundo grupo da pré-escola estava na kota (chalé típico finlandês)
Um lugar muito aconchegante



Achei interessante que, mesmo na pré-escola, a professora aproveitou nossa visita para que os alunos conhecessem algumas palavras em português. Ensinamos "oi", "obrigado" e "de nada". Na pré-escola, o número máximo de alunos é 22, havendo uma professora e auxiliar para cada grupo.
Uma observação relevante para o nosso contexto brasileiro: a filha do diretor estuda nessa turma. E mais uma: os sistemas de ensino fundamental e pré-escolar são administrados de forma separada, mas compartilham recursos e espaços. Uma das professoras, que não é finlandesa nativa, comentou que admira muito os finlandeses por sua capacidade de negociação e de encontrar soluções inteligentes que atendam o interesse de todos, para o bem de todos.

Aula de inglês

Acompanhamos a turma do 3º ano, com 20 alunos em torno de 9 anos de idade. A professora explicou que vínhamos do Brasil, conversou com eles sobre alguns fatos do país e abriu espaço para que os alunos fizessem perguntas para nós. Depois também fizemos as nossas, e uma delas foi se gostavam da escola. Três meninos disseram que não, que era chato, e fomos conversando. Depois da aula, comentamos com a professora sobre isso e ela disse que é algo que vai sendo trabalhado de forma gradual, dependendo do grau de amadurecimento de cada aluno. A professora, a equipe auxiliar e o diretor fazem esse acompanhamento junto com os pais.
Nesse dia, as crianças iriam realizar seu primeiro teste de inglês. As aulas de inglês iniciam no 3º ano, havendo 2 por semana. Neste primeiro teste, a professora explicou os objetivos da avaliação, leu toda a prova com os alunos e realizou a parte de listening reproduzindo uma gravação, primeiro sem pausas, e depois com pausas para que os alunos anotassem suas respostas.
Sala de inglês e alemão
Professora explicando a avaliação

Aula de música

Acompanhamos uma aula de música da turma do 5º ano, com 20 alunos. As crianças aprendem a ler partitura, cantar e tocar flauta. Fizeram uma pequena apresentação para nós.
Conhecendo os símbolos de partituras


Livro didático de música

Aula do 1º ano

Acompanhamos uma aula de ciências do 1º ano. Estavam aprendendo sobre as partes do corpo. Foi uma aula bem interativa.
A professora pergunta: Depois que a comida passa pelo estômago, vai para onde? Resposta de uma criança: Para o banheiro. :-)
Também descobrimos que todas as crianças dessa turma conseguem enrolar a língua. Eu não consigo.


Um dos alunos foi o modelo, mostrando as partes do corpo
 Em nenhuma observação de aula que já fizemos as crianças falam sem levantar a mão. A professora tem controle sobre o andamento da aula, sem ser autoritária, e consegue fazer com que quase todos participem. Ao final da aula, questionamos sobre uma criança que parecia não se manifestar. A professora disse que era uma ótima aluna, com excelente domínio da língua finlandesa, mas tímida, e que, como professora, deixa a criança se sentir segura para participar, sem forçá-la.
Levantar a mão antes de falar

Anotando as partes do corpo no caderno


Ao final da aula, sala organizada pelos alunos

Organização curricular

São 19 aulas de 45 minutos por semana no 1º e 2º anos. A partir do 3º, com a introdução de 2 aulas de inglês e mais algumas alterações, passa-se para 23 aulas por semana. Se o aluno optar ainda pela língua alemã, a partir do 4º ano, fica com 25 aulas, como mostra a tabela seguinte.
Os currículos nacionais estão disponíveis, em inglês, no site do Conselho Nacional de Educação.

Avaliação

Até o 4º ano não há notas. O professor faz um relatório e discute com os pais. Na reunião de atendimento individual aos pais, a professora comentou que se não há algum tema delicado a tratar, a criança participa inteiramente da reunião junto com seus pais e também assina o relatório. A partir do 5º ano, são atribuídas notas numéricas, de 4 a 10.

Corpo docente

Nesta escola, são 6 professores mais 2 em tempo parcial (a professora de inglês está lá 3 dias por semana, a de necessidades especiais, 2 dias e meio).
O diretor, além das atividades de administração, ministra 18 aulas por semana, na turma do 5º ano, e mais algumas aulas de informática em uma outra escola.
O psicólogo, assistente social e médico são volantes, atendem várias escolas do município.

Aula de educação religiosa

A mesma professora do 1º ano também ministra aula de educação religiosa para o 6º ano. Com a nossa presença, organizou um bate-papo bem interativo em que os alunos fizeram perguntas para nós e vice-versa.

 Clubes after-class

Há dois clubes de atividades depois da aula (after-class clubs) nesta escola. Um de inglês e outro de artesanato (crafts). São os professores que discutem a necessidade de oferecer atividades extras. Conhecemos as duas turmas.
No clube de inglês, havia 7 alunos, de 9 a 11 anos.
No clube de artesanato, havia 14 crianças, de 8 a 9 anos.

É muito emocionante ser tão bem recebido pelos professores e pelas crianças e verificar, in loco, como as escolas funcionam na Finlândia.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Custo de vida

Tenho recebido algumas perguntas sobre o custo de vida na Finlândia e vou tentar passar uma ideia geral para quem quiser vir como participante das próximas chamadas.
A Finlândia tem um dos custos de vida mais altos da Europa. É bem mais caro que Portugal ou Espanha, que eu conheço. Agora, tem coisas que são mais baratas que na minha cidade (Florianópolis) e outras, mais caras (preços em euros):
  • Suco de caixa 1 litro: 0,75
  • Coxa e sobrecoxa de frango 1 kg: 3,00 (mas na promoção sai por 1,50)
  • Carne de porco 1 kg: 5,00
  • Salmão 1 kg na promoção: 5,00
  • Queijo kg: 8,00
  • Carne de boi (bife): caríssima, nunca comprei porque custa mais de 20 euros/kg
  • Iogurte 1 litro: 1,60
  • Pêra ou maçã kg: de 1 a 3, dependendo da variedade
  • Alface unidade: 1,50
  • Pão kg: de 3 a 8 dependendo do tipo
  • Vinho 750ml: o mais barato custa 8,00 (bebidas alcoólicas tem imposto altíssimo)
  • Almoço no restaurante da universidade: 4,49
  • Lanche McDonalds (+refri+batata): em torno de 6,00
  • Aluguel de carro compacto fim de semana: 120,00
  • Passagem de ônibus para Helsinque: 17,00; se comprar 4 bilhetes, 12,00 cada um
  • Passagem de ônibus urbano: 3,00, mas nunca usei porque ando a pé e de bicicleta em Hämeenlinna
  • Piscina pública: 3,10 por sessão
  • Aluguel do quarto no alojamento em que estamos na HAMK: 370,00 individual; 220,00/pessoa se quarto para 2

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Visita à Engenharia Elétrica e de Automação

Em 10 e 11/11, visitamos, Rodrigo e eu, o curso de Engenharia Elétrica e de Automação, na HAMK Campus Valkeakoski. Valkeakoski é uma cidade de 21 mil habitantes, distante 45 km de Hämeenlinna.
Fomos muito bem recebidos pelos professores e pelo coordenador do curso. Como já usual aqui, tivemos total liberdade para conversar com os alunos. Há duas turmas anuais no curso: uma internacional, em inglês, e outra em finlandês.

O processo de seleção, para os alunos finlandeses, considera o resultado do matriculation examination e de uma prova de admissão específica.

Acompanhamos uma aula dos alunos do primeiro ano, que estavam pesquisando sobre normas técnicas, e também uma aula de projetos de alunos mais avançados. Conversamos com  alunos do Kosovo, Cazaquistão, Rússia, Etiópia, Vietnã, Iêmen e Finlândia. Também conversamos com um aluno brasileiro, que está fazendo intercâmbio.
Para os alunos internacionais, a escolha pela Finlândia deve-se à educação gratuita e de alta qualidade. A escolha por uma universidade de ciências aplicadas está relacionada ao interesse por atividades práticas e uma possível melhor colocação no mercado de trabalho.

Alunos apresentando projeto com Raspberry Pi
Alunos discutindo sobre projeto com braço robótico

O que ser percebe é que a forma de encarar o curso é diferente. Não são os professores que empurram os alunos, mas sim o interesse deve partir dos estudantes. E para o aluno que quer se aprofundar, a estrutura e o suporte são excelentes. Os alunos internacionais relataram que leva certo tempo até eles descobrirem que tem que ir além da sala de aula. Liberdade e confiança são as palavras-chave.

Salas de aula e laboratórios

Com o coordenador do curso, visitamos várias salas e laboratórios.



Em relação a CLPs, eles estudam os dois mais empregados nas indústrias finlandesas: Siemens e Beckhoff. Há vários trabalhos práticos, em que desenvolvem sistemas automatizados.







 

Projetos

Além dos laboratórios específicos, eles também tem um espaço maior, com várias bancadas e projetos. Vimos modelos miniaturas, automatizados, de estacionamento para veículos, elevador, ferrovia, rodovia. Todos usam equipamentos e sensores industriais. Tabém vimos esteiras classificadoras, um braço robótico, um sistema de controle de armazém, esses em escala industrial.













Sala de projetos para os alunos

Há também uma sala nova para desenvolvimento de projetos dos alunos (seria como o Laboratório de Protótipos do Departamento de Eletrônica do IFSC). Ainda está em processo de ocupação, mas já tem uma impressora 3D e um scanner 3D. Com esses equipamentos, os alunos desenvolvem peças personalizadas.

Espaço para desenvolvimento de projetos dos alunos

Scanner 3D

Impressora 3D

Software de modelagem para impressão 3D

Resultado da impressão 3D

Peça (verde) feita em impressora 3D
Perguntamos para um professor como foi o processo de aquisição da impressora e scanner. Ele disse que havia sido um pouco complicado, pois eram equipamentos de 1,5 mil e 2 mil euros, respectivamente. Então, perguntei quanto era o complicado. Resposta: 3 semanas entre decidir pela compra e ter os equipamentos na universidade.